sexta-feira, 16 de abril de 2010

O ENCANTADO MUNDO DO FAZ DE CONTA

Cada vez mais, nós educadores, nos sentimos desafiados e impulsionados para buscarmos metodologias dinâmicas para interagir com nossos alunos. Quando ouvimos nos noticiários que jovens e crianças abandonam a escola porque a acham chata, porque não estão motivados para frequentá-la, percebemos a nossa responsabilidade em transformar o processo de ensino-aprendizagem em uma fonte de prazer. Tornar esse processo significativo para o aluno.

Para Piaget e seus discípulos, as situações lúdicas são um dos pontos de maior importância para a aprendizagem. Através da ludicidade o aluno é instigado a organizar-se mentalmente, o dialogo que surge durante as atividades é dos mais enriquecedores.

O Mundo do Faz de Conta, leva o aluno a elaborar seus conflitos internos, a desenvolver o raciocínio, a sensibilidade, a percepção, a inspiração e tantas outras habilidades necessárias para o seu desenvolvimento físico, social e mental.
Através da fantasia podemos trabalhar valores, questões difíceis de elaborar com as crianças, por serem abstratas, mas através das histórias contextualizamos e, damos sentido a esses comportamentos. Assim, os maus hábitos, as virtudes que interferem no comportamento social, passam a ser compreendidos com clareza.
A variedade de técnicas que podemos utilizar como suporte para
contar uma história é muito grande. Entre elas encontramos a dobradura, que é uma técnica acessível e proporciona uma grande interação com as crianças. Com uma simples folha de papel e algumas dobras, vamos criando e dando vida aos personagens. A magia que ocorre é surpreendente.

Na próxima postagem colocarei um texto que escrevi para trabalharmos com dobraduras.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

DIA DE MONTEIRO LOBATO

"AINDA ACABO FAZENDO LIVROS ONDE AS NOSSAS CRIANÇAS POSSAM MORAR"

Essa história eu retirei do livro "Reinações de Narizinho" e transformei-o em texto para teatro.

O MARQUES DE RABICÓ
Narrador: Eram sete leitõezinhos. Bem sei que sete é conta de mentiroso, mas eram mesmo sete, todos ruivos, com manchas brancas pelo corpo.
O tempo foi passando e os leitões foram crescendo, e à medida que iam crescendo iam entrando...para a escola do forno.

Dona Benta: Nastácia, a prima Dodoca vem jantar hoje aqui. Acho bom pegar aquele um!

Narrador: Nastácia vai ao paiol, toma uma espiga de milho e grita no terreiro - xuque, xuque, xuque!
Os bobinhos ouvem e vêm correndo atrás do milho que ela começa a debulhar, e comem, comem, comem. De repente a malvada se abaixa e nhoc! Segura pela perna o tal aquele um.
Na hora do jantar reaparece na mesa, mas muito diferente do que era. Vem num grande prato, rodeado de rodelas de limão, com um ovo cozido na boca. Todos tratam de cortar o seu pedaço e comê-lo gulosamente.

Narizinho: Está delicioso!

Narrador: Foi esse o triste destino daquela irmandade de sete leitões. Da irmandade inteira menos um. O Rabicó, assim chamado porque só possuía um toquinho de cauda. Rabicó salvou-se porque Narizinho costumava brincar com ele desde bem pequenino e acabaram amigos.

Narizinho: Fique sossegado que não deixo tia Nastácia te assassinar.

Narrador: Uma tarde Narizinho ouviu dona Benta dizer à Nastácia:

Dona Benta: Amanhã, dia dos anos de Pedrinho, temos de dar um jantareco melhor. Há ainda algum leitão no ponto?

Nastácia:
Só Rabicó, sinhá, mas esse Narizinho não quer que mate. É o ai Jesus dela.

Dona Benta: Sim, mas você dá um jeito. Mata escondido, sabe.

Narrador: Dona Benta piscou para Nastácia. As duas eram danadas para se entenderem.
A menina entretanto, ouvira a conversa e fora correndo em procura do leitãozinho. Encontrou-o no pasto, fossando a terra com sempre.

Narizinho: Vovó deu ordem a tia Nastácia para assassinar você amanhã. Mas eu não deixo, ouviu? Vou escondê-lo, bem escondido, num lugar que só eu sei, até que o perigo passe.

Narrador: E assim fez. Levou-o para o tal lugar que só ela sabia, amarrou-o pelo pé a uma árvore; depois trouxe-lhe várias espigas de milho, uma abóbora e uma lata d'água.

Narizinho: Fique aí bem quietinho. Nada de berreiros, senão tudo está perdido. Quando não houver mais perigo, virei soltá-lo.

Narrador: Chegada a hora de pegar o leitão, tia Nastácia revirou o sítio inteiro de pernas para o ar. Procurou-o como quem procura agulha.

Tia Nastácia: Sinhá, não encontro o Rabicó, com certeza algum ladrão o furtou, ou alguma onça deve ter comido.

Dona Benta: Que maçada! Nesse caso mate uma galinha bem gorda. Rabicó fica para o Ano Bom, se aparecer.

Narrador: No dia seguinte, assim que todos se levantaram da mesa depois de comido o jantarzinho melhor, a menina correu ao lugar que só ela sabia e soltou o leitão.

Narizinho: Está salvo por uns tempos. Mas na véspera do Ano Bom tenho de prender você aqui outra vez, porque ela promete coisas para esse dia.

Narrador: Dali a pouco, muito serelepe, como se nada houvesse acontecido, Rabicó surgiu no terreiro. Chegando à porta da cozinha para lambiscar umas cascas que tia Nastácia havia botado fora.

Tia Nastácia: Ué! Olhe quem está aqui! Rabicó em pessoa! Você escapou desta vez, seu maroto, mas de outra não me escapa. Uma semana antes do Ano Bom já te tranco no paiol e quero ver!

Narrador: Rabicó não ligou a mínima, não deu importância àquelas palavras. Tratou mas foi de encher a barriguinha com as cascas, deitando-se para uma daquelas sonecas gozadas que só porco sabe dormir.

Se quiserem mais informações sobre o grande cidadão escritor entrem nesse endereço, foi de lá que tirei a caricatura de Lobato que ilustra o texto. http://lobato.globo.com/

domingo, 4 de abril de 2010